
O Processo do Deserto:
Em um vislumbre das dificuldades e desafios da vida, somos constantemente assolados por questionamentos acerca dos “porquês” de certos acontecimentos que nos tiram do caminho que imaginávamos. Em meio a essas perguntas, a Palavra de Deus nos mostra a luz, o discernimento, a esperança e o entendimento, especialmente quando nos lembramos dos textos que retratam a vida de homens como José, Moisés e Jó. Suas histórias são como um guia através dos séculos, revelando o tratamento e os caminhos traçados por Deus, onde, na maioria dos casos, não temos noção de como será o fim: o processo do deserto.
Assim como o povo de Israel peregrinou pelo deserto por quarenta anos, onde Israel aprendeu a duras penas a confiar e depender totalmente de Deus (Êxodo 16), também nós, em diferentes momentos, passamos por várias circunstâncias e somos levados a esses “lugares áridos”.
Não se trata de um castigo, mas sim de um ajuste em nosso modo de pensar, agir e crer, onde o Senhor nos guia à sua total dependência, de formas que nos conduzem à vontade de Deus. Muitas vezes, seus propósitos são imperceptíveis aos nossos olhos, mas o verdadeiro intuito é transformar nossos corações.
Ele deseja nos moldar e nos preparar para o futuro que Ele planejou e nos destinou, pois Ele escreveu sobre nós antes de nascermos e nos viu ainda informes no ventre de nossas mães.
Temos a tendência de seguir a visão de nossa natureza humana e confiar em nosso entendimento, e muitas vezes cremos que o nosso discernimento é suficiente.
Acreditamos, de forma convicta, que nosso caminho e nossa visão são melhores. Contudo, no livro do profeta Jeremias: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” (Jeremias 17:9). Nessa autoconfiança, negligenciamos e corrompemos nossos caminhos, não sabemos como será o futuro, mas o Senhor é o mesmo ontem, hoje e para sempre. Não podemos esquecer que Ele é o Alfa e o Ômega.
É no deserto que aprendemos a viver a realidade do céu, nos tirando da ilusão humana de sempre acharmos que nossa direção é sempre a correta e que vemos muito mais do que Deus, nos levando e nos afastando de seu propósito, que é perfeito e agradável, a depender unicamente da provisão do Senhor Todo-Poderoso. Em Romanos 5:3-5: “E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência; e a paciência, a experiência; e a experiência, a esperança. E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.”
Em cada passo desse processo, somos confrontados com uma verdade irrefutável (Efésios 4:32). Experimentamos a cura de feridas emocionais e espirituais, pois Deus derrama sobre nossas feridas o Bálsamo de Gileade para curar e tirar as nossas dores (Jeremias 8:22). Somos submetidos a uma transformação extrema, sendo renovados à imagem de Cristo (2 Coríntios 3:18), onde nosso caráter é tratado e fortalecido (Tiago 1:2-4). E, acima de tudo, colhemos aprendizados valiosos que nos equipam para os desafios futuros.
Contudo, o deserto também pode ser um lugar de sombras: a dor terrível da perda, a vergonha do erro, as acusações injustas, as traições que machucam o coração, os enganos que entorpecem a mente e as perseguições que parecem intermináveis, fora as tentações e a vontade de desistir. No entanto, é crucial crermos no que a Bíblia diz no livro de Isaías 41:10: “Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça.”
Quando entendemos que Cristo está no controle e aprendemos a descansar Nele, tudo começa a se ajustar (Romanos 8:28), e nossa fé é revigorada. Assim como Abraão, começamos a crer no impossível e a compreender que o Deus do impossível está ao nosso lado. Tudo o que estava quebrado e parecia uma terra arrasada se torna um lugar fértil e iluminado (Hebreus 6:19). A confiança em Deus se torna o alicerce inabalável sobre o qual construímos nosso caminho (Provérbios 3:5-6).
Mas, afinal, qual o propósito de Deus em minha vida? (Efésios 2:10). Portanto, diante das provações, da sensação de isolamento e da aparente falta de direção, a exortação bíblica ressoa com clareza: “Não desista!” (Gálatas 6:9). O deserto, por maior e mais árido que se apresente a nós, tem um fim. Glória a Deus! Assim como a travessia do povo de Israel chegou à Terra Prometida, também o nosso tempo de provação acabará.
Concluindo, mesmo que sejamos surpreendidos por situações inesperadas, que pessoas que amamos se afastem, que novas relações surjam em nosso caminho e que a perda do controle nos cause a sensação de estarmos em meio a uma loucura, a Palavra nos ensina a nos aquietarmos e a confiarmos: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus” (Salmos 46:10). Descansemos na certeza de que, mesmo quando a confusão nos cerca, Deus está ativamente trabalhando em nossas vidas. Estamos em obras, sendo transformados e preparados para o nosso futuro e propósito.
Ederson Lopes


